quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Respeito e educação, mas com uma condição: só quando usar a bengala!

Olá pessoal!
Como estão? Eu estou ótima!

Comecei essa semana meu curso de Letras! Adorei tudo! Melhor do que eu esperava! Professores maravilhosos e matérias das quais me identifico muito! Exatamente o que faltava naquele espacinho vazio da minha vida e que agora parece ser muito maior do que eu imaginava! 
Minha sede de aprender ressuscitou  esta semana!
Já me acostumei com o percurso. Estou utilizando a bengala! Ah, bem melhor viu! As pessoas me olham com um ar de piedade, mas tá sendo um experiência diferente! Pela primeira vez, posso andar tranquila, sem que ninguém fique esbarrando em mim! Só de não ter de ouvir um xingamento a cada esbarrão já compensa!
Confesso que foi difícil aceitar a ideia de usar a bengala... Mas não tem jeito... 
Uma coisa que reparei é que as pessoas só respeitam ao próximo sob alguma condição. No meu caso, por causa da bengala.
Posso até fazer um comparativo da minha antes e depois da bengala!rs


Antes de usar a bengala:
É nítida a folga das pessoas ao acharem que o simples fato da rua ser pública lhes dá o direito de andar e agir como se as ruas fossem delas! 
É incrível o pensamento egoísta que os outros têm de acharem que sua pressa é sempre maior do que a dos outros. "Quem quiser que saia da frente" - eles devem pensar.
Quando ando na rua sem a bengala, não consigo dar um passo sequer sem ter de desviar de alguém! Fulano vem na minha direção, mas quem tem que sair da frente sou eu, pois ele simplesmente continua em linha reta. Como sou baixinha, é lógico que fico em desvantagem.
Nesse ponto, sinto muitas saudades do Japão. Não sei se comentei, mas morei por lá durante 3 anos. Uma educação sem igual! Por mais fechada que seja a pessoa, se você sorrir e disser um "bom dia" ou um "com licença", certamente será retribuido com muita educação! Todos fazem o máximo para não atrapalhar o caminho dos outros e se isso ocorre, você ouve pelo menos umas 2 vezes um pedido de desculpas! E são desculpas sinceras! Não é só por "educação".
Já aqui... O olhar da pessoa já diz: "Tô com pressa! Sai da frente que tô passando!". Quando ando devagar, sempre tem um irritadinho atrás que fica com aqueles "tsc", isso quando não resolvem botar Deus no meio e soltam impacientemente a famosa frase: "Ai meu Deus!" seguido do "tsc",  é claro! Só me falta levar um chute na bunda!



Com a bengala:
Parece que estou em outro mundo! As pessoas são extremamente solidárias! Oferecem lugar, ajudam a atravessar a rua, me desviam das árvores, obstáculos, postes e afins!... 
Perco as contas de quantas vezes recuso um "Precisa de ajuda?". Não preciso desviar de ninguém! 
Ninguém me xinga porque estou andando a passos de tartaruga, nenhuma biribinha (é assim que meu marido e eu apelidamos o "tsc"), ninguém me apressando e ninguém pertubando Deus!

A única coisa que tenho certeza é a dúvida que deixo no ar e que muita gente fica se perguntando: "mas o que ela tem? Parece enxergar... Não aparenta ter nada".
Eis um grande problema das pessoas... Acharem que para ser deficiente precisa ter uma deformidade ou algo aparente. Tanta ignorância que chega a me deixar triste... Esse é o único lado ruim de usar a bengala... a ignorância das pessoas me deixa triste...
Sinto uma análise de minha pessoa dos pés à cabeça...
E o que sou afinal? Deficiente visual? Aos olhos dos outros talvez não... Afinal não uso óculos escuros e nem tem olhos esbranquiçados... 
Um deficiente visual não é só aquele que não enxerga... Difícil de explicar, porém fácil de entender se houver bom senso...

Gostaria tanto que ninguém precisasse de uma condição para respeitar o próximo ou simplesmente ser educado espontâneamente. Atos tão simples que poderiam mudar tantas coisas... Alegrar ou estragar o dia de alguém... Uma decisão que parece tão óbvia, mas o estresse do dia a dia faz com que optem pela segunda opção.

sábado, 7 de julho de 2012

Vivendo em cativeiro...

Olá!! 
Desta vez, trago boas notícias! Resolvi fazer faculdade! o/
Meu marido está apoiando bastante! Já fizemos o caminho até lá 2 vezes, com diversas alternativas de rota para não ter problema com obstáculos!
Tô tão acostumada a andar segurando nele, mas dessa vez ele, literalmente, me largou! Disse que só ficaria me observando, para ver como eu me virava para atravessar as ruas e desviar dos degraus.

Como foi a experiência?

Resposta: me senti como um animalzinho que viveu em cativeiro por muito tempo e, quando finalmente o soltam na floresta, não consegue sair do lugar! kkkkkk

Quando ele soltou meu braço e disse: "agora quero ver como você se vira", eu parei!
Quando ando com ele, confesso que nem presto muita atenção no caminho... Foi difícil ligar todas as minhas antenas parabólicas!
Dentro do metrô, como sempre, tudo muito escuro, principalmente porque eu tinha acabado de sair do clarão...
Fiquei parada, sem saber para onde ir! Tantas placas, mas nenhuma sob o meu campo de visão! Muitas pessoas passando e eu parada no meio do caminho decidindo que caminho, que escada, que direção seguir!
Um segurança até chegou a perguntar se estava tudo bem! Olha só a situação!! kkkkk
O que importa é que deu tudo certo! Acho que minhas neuras foram o maior empecilho! 
Agora seja o que Deus quiser! rs

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sempre a tal da acessibilidade...

Olá!!
Faz tempo que não escrevo... Tantas coisas acontecem...


Já estou perdendo o medo de andar sozinha! Estou recuperando minha vontade de sair!
O que houve?
Agora passeio 3 vezes por dia com minha cachorrinha! Ela me incentivou a botar o pé na rua! rs
Parece pouca coisa, mas, no meu caso, já é um progresso!
Fiquei muito dependente do meu marido... Sempre que andamos na rua fico agarrada nele e isso me transmite segurança, porém traz a insegurança de achar que quando estiver sozinha não consigo...
O que importa é que agora já estou voltando a andar sem segurar em ninguém!
Mas isso não significa que estou indo bem... 
Ontem estava andando na calçada e trombei numa grade de lixo... kkkkkk
Às vezes, só vejo o poste quando já estou quase para esbarrar, mas faz parte né! Com essas coisas já estou acostumada!


Dia 14/04, fui à feira de acessibilidade, a Reatech. Muito interessante! Só fiquei inconformada com o preço do crepe... paguei R$6,00! Absurdo, não acham?! rs
Mas estava interessante... Tinha uns cachorrinhos lindos!!! Eles são pet-terapeuticos! São para pessoas que estão em fase de reabilitação... Por sinal, ótima terapia! Nada melhor do que um bichinho de estimação para alegrar a vida!
Tinha também aqueles cães-guia... Acho que eu estragaria um desses.... Não consigo ficar sem dar carinho ou mimar um cachorrinho! Tratá-lo como um acessório seria impossível!
Bom, chega de enrolação!

Para ir a esse evento, um micro-ônibus gratuito levava até a porta do local, partindo da estação de metrô.
Quando chegamos para pegar esse tal ônibus, não reparamos que entramos na fila para deficiêntes... Então veio um cara e ficou gritando: Pessoal, essa fila é para deficientes! O ônibus comum é lá na avenida!
E ficou olhando para meu marido e eu, como se estivesse procurando minha deficiencia...
Então eu falei para o meu marido se não era melhor irmos no outro ônibus, pois poderia haver alguém que precisasse mais do que eu...
Então olhamos a fila e nela havia alguns cadeirantes, mas a maioria era deficiente auditivo ou surdo.
Meu marido disse que eu tinha o mesmo direito de pegar aquele ônibus e contestou o rapaz que ainda estava olhando feio pra gente, dizendo que eu era deficiente também.


Esse é o lado estranho da retinose.... Ao mesmo tempo que sabemos das nossas limitações, apesar de tudo, nos sentimos como pessoas normais e não como deficientes... Daí chega numa situação como essa, fica um peso na consciencia, será que é certo, será que não é.... Afinal sou deficiente mas não me considero com tal... Parece que estou fazendo algo errado... As pessoas parecem realmente olhar, procurando o meu "defeito"... Chega a ser constrangedor...
A impressão que eu tenho é que parace que estou mentindo quando digo a alguém que sou deficiente... 
Mas depois, eu me conformei, pois fiquei ouvindo a história de uma mulher que estava atrás de mim... Ela disse que na feira do ano passado ela não sabia que havia esse ônibus especial para deficientes e pegou o comum. Eles nem entraram com o ônibus dentro do estacionamento. Largaram ela na avenida e os voluntários eram totalmente despreparados para guiá-la até a porta do evento.
Por esse lado achei melhor mesmo eu ter pego o busão especial, pois parou bem na entrada....
Mas na volta, eu não quis pegar o ônibus especial... quis evitar que as pessoas ficassem me olhando com aquele ar de reprovação do tipo: "Essa menina não tem deficiência nenhuma!"


Ah, falando em deficiência, resolvi correr atrás de alguns beneficios que tenho direito, afinal, para alguma coisa a retinose tem servir né! rs
Fiz meu bilhete único especial para deficiente. Recebi semana passada!! Agora posso sair por aí sem pagar trem, metrô e ônibus!
Só acho injusto quando passamos uma vez, temos que esperar meia hora para passar de novo... E se for uma emergência? Tenho que esperar meia hora... ou comprar um bilhete para passar!
Isso acho errado... já não estou entrando de graça? Então qual a diferença de passar pela catraca ou pela portinha?

Dei entrada também no cartão de estacionamento especial... Mas acho que esse vai ser indeferido, pois, não sei se vcs leram um post anterior, segundo o DSV, só podem adquirir o beneficio quem tem dificuldades de locomoção...
Ignorância né... Larga um portador de RP à noite no meio do estacionamento para ver se ele não tem dificuldade de locomoção! Eu, por exemplo, acho que nem saio do lugar! rs
Vamos esperar para ver qual será a alegação deles em caso de indeferimento... quero só ver se eu entro na briga... rs
Se bem que nem vale a pena ficar esquentando a cabeça com isso....

segunda-feira, 19 de março de 2012

Leis e direitos para deficientes...

Hoje vou ser breve... 
Só gostaria de manifestar minha insatisfação quando o assunto refere-se às leis e direitos dos deficientes.

Aliás, todas as leis em geral! 
Cria-se uma lei que, aparentemente, visa melhorar a vida das pessoas, porém enormes barreiras são impostas!

Aos poucos, eu vou aceitando a ideia de que sou deficiente... É dificil admitir esta condição quando já se viveu boa parte da vida sem saber disso...
Foi então que decidi correr atrás dos meus direitos como deficiente, e o que descobri? Que essas leis são criadas para nos deixar de cabelos brancos!! Um verdadeiro teste de paciência!
Fui atrás do cartão de deficiente para estacionamento em locais especiais, destinados aos deficientes. Li direitinho a lei e vi que os deficientes visuais também têm o direito.
Ok!
Imprimi o requerimento e o laudo fornecido pelo site e fui ao médico para ele preencher.
No site da prefeitura de SP, eles informam que a solicitação pode ser feita pelo correio. Então, decidi ligar para confirmar. Foi quando a atendente disse que só tinha direito ao beneficio o deficiente visual que fosse cego!
Escrevi diversas vezes para o SAC, para esclarecerem essa dúvida... e a resposta sempre a mesma, precisava ser cego.

Creio eu, na minha imensa ignorância, que a lei de estacionamento para deficientes foi criada para ajudar na locomoção.
Sei que posso andar, que ainda exergo, mas isso não significa que eu não tenha dificuldade de locomoção. Só fico chateada por causa disso... Já não basta ter uma doença sem cura, saber que um dia posso ficar cega, ser considerada pelos médicos como deficiente? Sou ou não sou, afinal? Tenho direito ou não? Poxa, isso traz um desgaste tão grande, uma revolta! Um crise de identidade!
Cria-se leis para facilitar a vida, mas dentro dessas próprias leis parece haver algo que diz: " a lei foi criada, mas vamos criar subitens ocultos para dificultar ao máximo a vida das pessoas para que elas desistam de usufruir da lei"

Vou colocar aqui uns trechos da lei do estacionamento:

CONSIDERANDO as disposições do Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que regulamenta a Lei Federal nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e estabelece a reserva de vagas regulamentadas de estacionamento para veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência física ou visual
Parágrafo Único . As pessoas portadoras de deficiência visual poderão solicitar a autorização especial, nos mesmos termos previstos para os portadores de deficiência física,emitida por meio do Cartão Defis – DSV, para estacionamento nas vagas de acordo com o “caput”.


Só acho que se esse cartão é destinado às pessoas cegas, deveriam especificar, pois apenas usar o termo "deficiencia visual" abrange muita coisa.
Quem está certo agora? O atendente que disse que só os cegos podem tirar a carteira ou a nossa interpretação da definição "deficiente visual"?
Como contestar?
Eles que deveriam escrever melhor pois interpretar "deficientes visuais" é como se considerasse um grupo, não somente o cego!
Se eles dizem que é só para cegos, na lei deveria falar que somente pessoas com cegueira total podem solicitar! Tão simples!
Fico indignada com essas coisas! Eu ainda acho que tenho direito a esse cartão!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Traumas

No último post, escrevi que tenho medo de escadas.
Acho que na verdade é algo psicológico. Eu não sei o que acontece, mas, quando estou descendo escadas, dá uma sensação estranha, como se eu fosse cair e então trava tudo! Os degraus somem e a única coisa que me socorre é o corrimão!
Eu, simplesmente, não enxergo degraus para descer... 
Vira tudo uma coisa só!
É nesse momento que a tal da acessibilidade faz falta... Aquelas faixas amarelar seriam minha salvação! Mas infelizmente eles colocam só nas beiradinhas porque devem ter preguiça de fazer manutenção por causa do desgaste se colocar no degrau inteiro.
Enfim, um grande exemplo do meu trauma em descer escadas aconteceu na minha lua-de-mel.
Fomos viajar para Arraial d'Ajuda, na Bahia.
Era baixa temporada (novembro) e tivemos de aproveitar as férias para casar, porém só conseguimos marcar a data do casório no civil em dezembro, ou seja, teriamos a lua-de-mel antes (PECADO!).
Tudo certo, a moça da agência de viagens disse que a praia ficava a menos de 50 metros do hotel e isso nos alegrou muito! A maior propaganda para enganar trouxas de primeira viagem!
Infelizmente, ela não mencionou que essa tal praia era deserta!! Imaginem só o medo que foi ficar lá sozinhos!
Chegamos num sábado, finalzinho da tarde, morreeeendo de fome, então, ao entrar em contato com a recepção do hotel, descobrimos que o restaurante estava fechado... Tudo indo às "mil maravilhas"! rs
Resolvemos, então, pedir uma pizza. Nunca paguei tão caro por por uma pizza e nunca comi uma pizza tão ruim na minha vida!
No dia seguinte (Domingo), não havia programação. E como no hotel não tinha nada para fazer, resolvemos ir até o centro de Porto Seguro passear um pouco. Todas as pessoas que pedimos orientação foram super atenciosas e nos disseram exatamente o caminho a percorrer, afinal, dois turistas dando sopa e completamente distraídos... Já dá para imaginar no que isso ia dar...
Ninguém nos alertou do perigo que ainda estava por vir...
Ao chegar no centro, havia um ponto turístico que ficava bem no alto, uma espécie de mirante. Quando eu vi a escadaria já dei um passo para trás e falei pro meu marido: vamos subir tudo isso? 
Como já estavamos ali, resolvemos subir, mas meu coraçãozinho dizia que ia dar alguma mer... ops, ia dar alguma coisa errada... E deu!
No meio do caminho, um bando de trombadinhas desceram a escada lá de cima na nossa direção com uns facões enferrujados na mão. ERA UM ASSALTO!
A primeira reação foi correr, mas para onde? Para baixo, literalmente! 
Ao tentar descer os degraus correndo, lógico que eu não enxerguei nada e puf! Cai e levei meu marido junto! Resultado?

Meu marido: algumas costelas trincadas e arranhões.
Eu: 1 clavícula quebrada(da direita), 3 costelas quebradas, várias escoriações e metade da unha do dedão do pé arrancada!
Fiquei com a pior parte, porque meu marido caiu em cima de mim... 

Fora isso ainda levaram nossas alianças, dinheiro e, por hipocrisia, ainda disseram que só faziam isso para comprar o remédio da mãe doente... Se bobear esses caras nunca viram a mãe! E, se viram, bom... nem vou falar o que ela é... rs
Pior de tudo foi a espera por atendimento num hospital público, ao lado de pessoas com fraturas expostas... 
Apareceu até uma moça algemada que tinha levado um tiro... E depois disso tudo ainda ter que encontrar o policial que correu atrás dos ladrões no hospital porque ele tinha torcido o pé ao perseguí-los! Nem vou comentar o despreparo desse policial... Por isso que esses trombadinhas fazem o que querem naquele ponto! Não tem nenhum policial capacitado pra correr atrás deles!
Uma falta de estrutura danada! Nem vou falar da enrolação para fazer o B.O.... ter de esperar mais de 2h para alguém achar o delegado... Acho que ainda levaria mais umas 2h se eu não tivesse começado a chorar desesperadamente e dissesse pro policial que eu tava toda quebrada e queria ir embora daquele pesadelo. 
Ele disse que o delegado já estava lá e que só estava esperando ele terminar de digitar... Ele parecia que nunca tinha visto um teclado na vida! Digitava letra por letra com UM DEDO só e depois apagava tudo e recomeçava... 
Lógico que ele estava me enrolando né... E detalhe: se o delegado já estava lá, porque, então, ele entrou pela porta da frente???????
Sem comentários né...


Mas o fato foi esse... Nunca saberei se conseguiria fugir se enxergasse bem! Talvez sim...

Conclusão: melhor seguir o que o coração manda! Minha intuição nunca falha!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Elevadores e escadas de emergência

Elevadores e escadas. Eis duas palavrinhas que me causam pânico! 
O elevador nem tanto, mas escadas, realmente, me assustam!
Fico me perguntando por que os elevadores e escadas de emergência são tão escuros??
Quando entro num elevaodor escuro, fico xingando eternamente quem o projetou! Pra que um elevador escuro? Já não basta entrar em um buraco? Tem que ser escuro?
Fora que hoje em dia, a maioria dos botôes é de toque, ou seja, até os deficientes visuais descobrirem qual o seu andar tentando ler em braile, já encostaram o dedo em um monte de botão!
Sinceramente não entendo. 
Mais curioso ainda, é que os elevadores da área de serviço são bem iluminados! Será que vou ter que começar a entrar pela área de serviço?
Acho que não precisa ser escuro dentro do elevador! Para quê hein? Não é balada! Aliás, não ficamos mais que 5 minutos dentro dele! Fala-se tanto em acessibilidade, mas esquecem que deficiente visual não é só aquele que é cego! Eles devem projetar pensando: deficiente visual não vai enxergar mesmo!
Mas e nós que temos retinose pigmentar? E as pessoas que têm baixa visão? E os velhinhos que já possuem a visão debilitada? Fora outras síndromes que comprometem a visão...
O que penso é que tudo hoje em dia gira em torno de acessibilidade, mas ninguém sabe ao certo como suprir as necessidades de quem acessa!
As escadas eu nem gosto de falar! Quando tem iluminação, é uma luz tão fraca que até uma lanterna de LES made in China ilumina mais!
Raramente vejo escadas de emergência bem iluminadas. Deve ser porque ninguém usa. 
Ora, mas por quê? 
Eu, por exemplo, morro de medo de usar a escada de emergência! Primeiro porque é escura, segundo porque nunca tem ninguém e terceiro: quase sempre estão fechadas!!!
É, meu povo... como solucionar isso?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Valores

Acho q algumas coisas na vida acontecem para darmos valor ao que realmente importa.
Cada um tem seu foco. A Retinose Pigmentar direcionou o meu.


Acho que quando se descobre que um dia não poderá mais enxergar, o mundo amanhece de outra cor.
Um simples pôr-do-sol, uma borboleta nascendo, o orvalho na flor...
Analisando pelo lado positivo e evolutivo, o portador de Retinose Pigmentar é um ser privilegiado. Ao contrário de uma pessoa que nasce cega, que vive num mundo imaginário ou de uma pessoa que tem boa visão, mas não se importa com o que vê, nós "retinoseiros" podemos ter algo concreto. 
Quando crianças, podemos apreciar momentos da vida em que tudo é incrível e toda descoberta é uma aventura! Todos passam por isso, porém, só quem tem a visão comprometida consegue comparar o quão incrível era essa fase, isto é, como você enxergava bem e isso foi se perdendo.
Na adolescência, já enfrentamos algumas dificuldades, mas conseguimos nos virar bem, sem a ajuda de ninguém.
Já na vida adulta, começam as perguntas, os desapontamentos, as tristezas e a famosa pergunta: por que comigo? 
Creio que essa é nossa fase evolutiva, ponto chave da nossa vida, o momento em que buscamos respostas e descobrimos qual o valor da vida.
É nesse momento que devemos entender que ter Retinose é algo que nos torna diferente. Não fisicamente, mas internamente, na alma. 
Nosso grau de evolução, com certeza, é maior. Nossos valores são maiores.
Enquanto algumas pessoas se preocupam em gastar dinheiro com eletrônicos de última geração, roupas de grife, tênis de marca, carro do ano, eu, por exemplo, apenas me atento às coisas simples. Lógico que um pouquinho de luxo ninguém dispensa, mas não é isso que valorizo como prioridade. 
Enxergar o que é simples na vida é muito mais do que ter uma boa visão. É, na verdade, saber valorizar em vez de procurar enxergar coisas materiais.
Apreciar o momento, sabendo que um dia ele só existirá na sua memória é o que a Retinose Pigmentar fez por mim.
Creio que, se eu não tivesse RP, não conseguiria enxergar o que é importante. E o que é importante para você?
Você pode escolher se a RP te fará feliz ou infeliz.
Não me importo mais em não enxergar um dia, pois tudo que já vi até agora já valeu a pena. E sei que o que ainda vou ver nessa vida vai valer cada segundo.
E quanto a você? 
Se ainda não valeu a pena, faça valer! Não fique se lamuriando por ter uma doença sem cura que um dia vai te invalidar! 
Olhe sempre o lado positivo e aproveite o PRESENTE para ser feliz e ver tudo que se tem para ver nesse mundo maravilhoso!
É preciso parar de focar no que nos falta e aproveitar melhor o que nos resta. Antes de pensar em ser infeliz pelo que não tem, tente ser feliz com o que você tem. E o que você tem é uma vida inteira pela frente!

Carpe Diem!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Eita karma!

Ontem resolvi me aventurar sozinha! No outro post havia dito o quanto tinha se tornado um desafio sair por aí sem acompanhante. Pois bem! Fui até a casa dos meus pais, depois fui encontrar meu marido para irmos ao oftalmologista.
Nesse trajeto, tive de pegar um ônibus e depois metrô, sendo que até o destino final ainda tinha de fazer uma baldeação (transferência) na estação Sé. Quem conhece a estação Sé, em São Paulo, sabe do que estou falando: milhares de pessoas cruzando seu caminho. Literalmente, me senti como um cego em tiroteio! rs
Nesses casos, costumo fazer o que sempre faço: seguir o fluxo e rezar para não ser atropelada! rs
Mas dessa vez a reza não surtiu efeito! Fui mesmo atropelada! Uma mulher que vinha a toda velocidade resolveu me cortar no contra-fluxo! 
Como eu só tava de olho na cabeça que estava na minha frente, não deu outra! Nem vi a indivídua passar na minha frente. Resultado: ela tropeçou no meu pé e foi parar longe! Eu, mesmo sem ter culpa, afinal quem tava no sentido errado era ela, resolvi pedir desculpas. Em troca, recebi um olhar de raiva e um "Pooorra!".

São essas coisas que me deixam chateada. Não sei se é só comigo, mas quando vem alguém na minha direção é como se fosse obrigação minha desviar! Ninguém tá nem aí! Tá certo que ninguém sabe que não enxergo direito, mas que custa desviar? Sinto como se as pessoas pensassem algo do tipo: "eu estava nesse caminho primeiro, saia VOCÊ da minha frente!"
Se eu ainda não tivesse pedido desculpas... Eita povinho mal educado!
O resto do trajeto foi tranquilo, chutei uma pedra no meio do caminho, mas nada de grave (eu estava de tenis, se estivesse de sandália teria feito um estrago!)
Acho que a maior decepção do dia não foi a trombada, mas sim a ida ao médico!
Tirando a espera de mais de 1 hora, quando fui atendida, parecia que eu estava falando com as paredes, pois um silencio pairava na sala!
Como eu disse, resolvi prestar concurso como deficiente e precisava de um laudo médico. O único médico que sabe realmente o que é Retinose Pigmentar, ou seja, Dr. Rubens Siqueira, tem o consultório lá em São José do Rio Preto, há 6 horas de distancia daqui!
Foi então que resolvi usar meu plano de saúde e agendar um médico especialista em retina. Grande merda! kkkk
Não foi a primeira vez que isso me aconteceu, mas eu senti uma insegurança nele... como se ele nunca tivesse atendido alguém com retinose e não tivesse a mínima ideia do que fazer!
Bom, como eu só precisava de um laudo mesmo, nem dei bola! Só mostrei o laudo que o Dr Rubens havia me dado e ele botou aquela luz horrível nos meus olhos e fez o atestado. Simples assim. Mostrei todos meus exames, mas ele estava tão perdido que nem olhou detalhadamente! 
Era simplesmente uma novidade para a vidinha rotineira de médico que ele tinha... Eu poderia ir embora naquela hora mesmo, pois ele já havia me entragado o laudo e já estava se despedindo. Mas como eu sou uma menininha má, resolvi perguntar o que ele achava dos meus exames e se ele poderia me dar um parecer do estágio em que eu me encontrava.
A expressão dele foi clara de uma pessoa que pensa "Agora ferrou!"
Ele olhou pro envelope dos exames, que já estavam guardados, como se quisesse pegar para ver de novo e disse: eu vou precisar de exames mais recentes. E eu disse: Mas esses exames SÃO recentes, eu fiz em dezembro! 
Então ele olhou pra mim e disse que teria que pedir um exame complementar. 
Essa foi a pior parte! Ao preencher o pedido de exame, acredita que ele perguntou: Qual seu nome mesmo?
OMG!!!!!! Ele não tava nem aí pra mim!! 
Depois de ver todos meus exames, escrever dois laudos com meu nome, em menos de 2 minutos ele conseguiu esquecer meu nome?
Sem comentários... Esse daí já entrou pra minha lista de médicos imbecis!! Mais uma vez ficou claro que eu sabia mais de Retinose Pigmentar do que ele... Pois teve uma hora que ele perguntou: Você tem retinose pigmentar? Mas e aí?


MAS E AÍ O QUÊ??? QUEM É O MÉDICO, AFINAL? 

E aí o que???? Ele queria que eu dissesse? Ele queria que eu respondesse o que justamente eu havia ido lá para esclarecer? Quem tinha de perguntar era eu e não ele!
Qualquer médico já saberia só de olhar os exames ou simplesmente analisasse meu fundo de olho! 
Enfim... Não vale a pena perder meu tempo comentando minha opinião sobre esse tipo de profissional! 
Ah, só mais uma coisa: ele estava tão desatento que me pediu para fazer os mesmos exames que eu mostrei... que tipo de exame complementar é esse? Pronto, agora acabei!

Só aproveitando o assunto do karma que eu tenho em atrair pessoas mal educadas, hoje eu precisava ir ao correio e depois comprar comida para minha cachorrinha. Como no pet shop eles deixam entrar cachorro, fui com a minha cachorrinha! Eu não gosto de andar sem cia, e aceito até mesmo a cia da minha cadelinha!
Na volta. vinha um casal na minha direção, então, por educação, esperei eles passarem primeiro. Não havia necessidade disso, já que minha cadelinha não faz mal nem a uma mosca. Enfim, esperei e quando o casal passou, o cara olhou para mim e disse: POR QUE VOCÊ NÃO DEIXA ELA CAGAR NO SEU TAPETE?
Eu não acreditei no que ouvi... era mesmo pra mim? O que eu tinha feito de errado para tanta agressividade? 
Primeiro que minha cachorrinha nem faz sujeira na rua, e se faz eu faço questão de limpar, pois eu, mais do que ninguém, sei o que é pisar em cocô de cachorro!rs
Preciso dizer que fiquei chateada? Eu fui educada em dar passagem a eles e recebo um coice desse... O que acontece com as pessoas hein?
O que me consola é saber que, ao mesmo tempo que existem pessoas amarguradas, também existem pessoas boas. 
Encontrei dois senhores na fila do correio que me trataram super bem e foram muito educados! Acho que essa nova geração precisa aprender com esses velhinhos... 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Feliz ano novo!

Olá! Faz tempo que não escrevo... 
Deve ser porque faz tempo que não cometo nenhuma gafe! rs
Ainda não desejei feliz 2012! 
Espero que esse ano seja um EXCELENTE ano!
Pela primeira vez, vou prestar concurso público com deficiente. Não me sinto feliz com isso, mas já que existe esse benefício, por que não aproveitar?
Aliás, nós temos vários benefícios como deficientes, como por exemplo, vale transporte especial, cotas de empregos para empresas que possuem mais de 100 funcionários, isenção de rodizio, vaga de estacionamento, descontos de IPI e IOF na compra de veículos novos e, recentemente, o governo liberou cotas para compra de imóveis no programa "Minha casa, minha vida", da Caixa Econômica.
Apesar de tudo isso, ainda não me sinto bem ao usufruir desses benefícios... Acho que por ser algo recente, ainda não me sinto uma deficiente.
Só estou aceitando um pouco mais porque, de uns tempos para cá, comecei a reparar nas minhas limitações...
Coisas que antigamente não tinha dificuldade alguma em fazer, hoje parece ser um desafio! Exemplo? Uma simples ida ao mercado. Sinto medo de tropeçar, morro de medo de degraus, escadas... Fico insegura ao atravessar a rua... Fora os sustos que eu levo quando aparece alguém, de repente, na minha frente! As pessoas devem achar que sou louca! rs
Acho que o fato de nunca mais ter saído sozinha depois que casei contribuiu um pouco! Me acostumei demais a andar segurando meu marido que, quando estou sozinha, parece que estou, literalmente, sem chão!
Sinto que as pessoas ao meu redor, familiares e amigos, ficam com medo de me deixar andando por aí sozinha, é uma espécie de superproteção! 
Fico feliz que se preocupem, mas acho que isso também me prejudica, pois só me incentiva mais o pensamento de que não consigo fazer sozinha!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Decepções...

Acho que só tenho inspiração para escrever quando acontece algo que me chateia...
Uns tempos atrás, li sobre direitos dos deficientes e um deles é o pleno direito de usufruir de educação em igualdade, sem discriminação devido à deficiência.
Pois é, este ano eu estava decidida a fazer faculdade. Sempre tive aptidão com informática e tecnologias, mais especificamente falando, na área gráfica.
Como meu marido é arquiteto, decidi juntar o útil ao agradável e tentar Design de interiores. Minha segunda opção era Desenho Industrial. 
Mandei um e-mail para a coordenadora do curso de Design de Interiores da faculdade que prestei vestibular e ela me respondeu da seguinte forma:


"Olá Susana,
Nós temos trabalhado bastante com projetos  para pessoas com baixa visão e dessa experiência infelizmente posso te garantir que o Design de Interiores só vai agravar sua baixa visão pois exige muitos desenhos e precisão.
Não a encorajo a seguir essa área.
Cordialmente,
Profa. Paula"

E esse foi o e-mail que eu enviei:

Olá! Meu nome é Susana e estou muito interessada em fazer o curso, mas tenho algumas dúvidas. Sou deficiente visual, tenho apenas 20% da visão em ambos os olhos e minha visão noturna é zero. Além disso, tenho algumas limitações em relação às cores. Sei diferenciá-las em suas tonalidades primárias e neutras, mas quando há cores de tonalidades parecidas, demoro para identificá-las. Se possível, gostaria de conversar com a coordenadoria para saber se estaria apta para realizar o curso e se vou ter alguma dificuldade. Muito obrigada, aguardo o retorno. 
Atenciosamente, Susana.




Quando comecei a ler a resposta dela, me animei! Pensei, que legal, eles têm projetos com pessoas de baixa visão! Mas ao ler o resto da frase, uma tristeza me consumiu... Fui totalmente desencorajada, como a própria professora disse...
Ela me fez desistir, inclusive, do desenho industrial, que eu já estava me preparando para realizar! Me fez desistir sem nem mesmo tentar...
Que curso de graduação oftalmológica ela tem pra dizer que meu problema de visão vai se agravar com o curso? Ela nem sequer se interessou em saber meu grau de dificuldade e minhas competências! 
O que seria da nona sinfonia de Beethoven se ele tivesse desistido de compor quando ficou surdo?
Não me considero incapacitada de realizar o curso, só tenho algumas limitações e quem me conhece sabe que tenho aptidão para a área!
Fiquei muito chateada... Estou sem rumo agora, pois só tenho até essa semana para decidir se vou fazer ou não o curso...
Depois que li o e-mail fiquei tão desnorteada que até a janta que eu estava preparando ficou horrível! O arroz empapou, a mistura queimou... Eu estava visivelmente desanimada...
Meu marido ficou tão revoltado que mandou um e-mail reclamando, mas tenho certeza de que não vai dar em nada...
Como eu disse no post anterior, as pessoas generalizam muito...
Não é só porque tenho problema de visão que não vou enxergar nada...
Triste isso...